31.12.07

Das definições arbitrárias do tempo

O escritor e matemático francês Denis Guedj, através de um de seus personagens, disse uma vez que "países e estados são imaginários, só as cidades são reais". O personagem então justificava: as divisões de uma cidade são tangíveis, um país só existe pelos mapas e acordos que o definem. Existe o sentimento de nação, claro, que pode ou não coincidir geograficamente com um país, mas isto é outra questão. Se o argumento vale espacialmente, tanto mais vale na forma temporal: da mesma forma, podemos nos perguntar o que são os minutos e as horas, ou as semanas e os meses, se não definições um tanto quanto arbitrárias que estabelecemos? O dia existe fisicamente - uma rotação da Terra - assim como o ano - uma translação completa. Mas os pontos onde definimos os começos e finais são burocracias, e nada mais.

Não vou me abster de fazer uma retrospectiva do ano que me escondendo atrás deste argumento, mas vou usá-lo para dizer que muitas das coisas que, com certeza, constarão na retrospectiva de 2008 começaram já muito antes. Ainda que os treinos na bicicleta só comecem amanhã, a preparação para a próxima temporada já está em curso, através de pequenos planos que venho pondo em prática ao longo das últimas semanas. Igualmente, os resultados que publicarei no ano que vem, como parte do meu mestrado, começaram a ser estudados ainda na metade de 2007. E por aí vai.

Ainda assim, muitas vezes precisamos organizar alguns ciclos para coincidir com estas escalas arbitrárias. Semestres na faculdade, temporadas de um campeonato, arquivos de textos ou fotografias, o que seja. Por isto, de 2007, selecionando mais ou menos vinte acontecimentos:

1- Reveillon na praia, em Garopaba. Subi a Serra do Rio do Rastro na volta para casa. De carro - a promessa de subí-la de bicicleta não se concretizou, ainda.
2- Prova do mestrado no meio de janeiro. Imediatamente após a prova, fiz uma festa com alguns colegas (finalmente estava realmente entrando em férias). A massa que preparei foi um desastre.
3- Formatura no início de fevereiro. Muita cerimônia, mas uma ocasião legal para juntar vários amigos.
4- Desafio dos Aparados da Serra em Mountain Bike, no fim-de-semana do Carnaval. Minha primeira prova de MTB, junto com o Vitório e o Kàzic, com o Pedro e a Carine dirigindo o carro de apoio. Choveu asgane, foi uma prova dura, e muito divertida.
5- No início de março, comecei minhas aulas de francês na Aliance Française. Na mesma semana, fui árbitro na competição de robótica BR FIRST. Experiência singular de participar de um evento com tantos adolescentes tão cheios de idéias e energia, e voltar a ter contato com a turma da robótica.
6- Na semana seguinte, começo das aulas do mestrado. Bastante expectativa, mas no fundo era "mais do mesmo". Porém, com sala nova e uma bolsa do CNPq, um tanto melhor :-)
7- Ainda em março, a Elipse Software ganhou sua primeira corrida da temporada, com o Gean vencendo a Copa GoFit em Novo Hamburgo, primeira etapa da Copa União.
8- No início de abril, a equipe correu as 500as Millas del Norte, no Uruguai, com duas vitórias de etapas pelo Rodrigo "Rudy" Sartori. Mas menos de um mês depois, houve uma cisão na equipe, com a saída dos atletas de Gravataí. Restaram eu, Gean e Gilnei para reerguermos a equipe.
9- Em maio começaram a surgir os primeiros trabalhos com grafos que anunciavam a direção que minha pesquisa iria tomar nos próximos meses.
10- Em junho, ganhei minha primeira corrida, a 5a etapa da Copa União em Igrejinha, abaixo de muita chuva. Dirigi para lá sozinho, ganhei a prova escapado, voltei sozinho. Com um lindo troféu do meu lado :-).
11- Comecei a tomar cerveja no aniversário do Ítalo (coincidentemente também no dia dos Namorados). No Mulligan, com direito à Pale Ales, Weizenbiers e Dunkels - viva a Eisenbahn! - e uma Guinness também, acho.
12- Em julho, terminei o mais bem sucedido semestre da minha história acadêmica , com uma sequência de A's nas quatro cadeiras em que estava matriculado. Na mesma época, chegaram os primeiros resultados do grafo degrau-duplo em que eu estava trabalhando.
13- No final de julho, embarquei para a Alemanha para três semanas de férias. Me instalei no pequeno apartamento do Benjamin, na república da VDSt em Erlangen. Reencontrei meus colegas da equipe de ciclismo, fomos à Viena encontrar o Rafael von Gehlen, visitei meus tios ao norte, a Mônica ao sul, e uma amiga dos tempos da Siemens. Mas, mais importante, treinei e competi com uma turma no auge do verão alemão (Servus, leute!).
14- Em agosto, de volta ao Brasil e refletindo a ótima forma adquirida nas semanas na Europa, ganhei a 7a etapa da Copa União e me coloquei à caminho de disputar o título.
15- No início de setembro, apresento o primeiro seminário aberto com resultados da minha pesquisa. Na discussão que se seguiu, identificamos alguns aspectos bem interessantes que passei a estudar nos meses subsequentes. Infelizmente, as herculeanas listas de exercícios das cadeiras de Teoria Eletromagnética e Introdução a Nanofotônica impediram que eu dedicasse tanto tempo quanto gostaria à minha pesquisa.
16- Em outubro, comecei a investir na Bolsa de Valores, idéia que eu já vinha arquitetando havia alguns meses. Fui bastante motivado por alguns colegas que começaram a fazê-lo, com resultados bastante promissores...
17- No final de outubro, ganhei a 8a etapa da Copa União, em Arroio do Meio, depois de uma longa escapada com o Ricardinho (Ricardo Machado). As chances pareciam pequenas, mas havia uma chance matemática de ainda conquistar o título.
18- Com o início de novembro, iniciei este blog, motivado pela vontade de divulgar mais regularmente as aventuras e desaventuras e exercitar um pouco mais minha escrita. So far, tem sido uma experiência bem legal.
19- Por fim, depois de um bom 3o lugar na 9a etapa, fui para a 10a e última etapa da Copa União, em Taquara, consciente da improbabilidade, mas bastante motivado para tentar até o fim. Com chuva forte, e um excelente trabalho de equipe do Gean, deu certo - ganhei a prova escapado, e o Ricardinho, que não podia terminar entre os 5 primeiros, completou a prova na 6a colocação, sendo ultrapassado nos metros finais pelo Gean, garantindo a vitória do campeonato por UM ponto. Naturalmente, foi uma conquista muito comemorada (Valeu, pai, Gean, Gilnei, por todo o apoio!).
20- O semestre terminou nos acréscimos, e se o primeiro foi uma sequência de A's, este foi uma de B's. Ainda que tenha ficado um pouco abaixo das espectativas, não é de nada ruim. Meu projeto ainda tem algumas contas em aberto antes de prosseguir para sua próxima fase, mas já estou ancioso por começar a botar mais a mão na massa.

E o ano termina. So it ends. Voltando à discussão inicial, não já sem ter dado vários passos que já compõe o ciclo de 2008 - sejam encomendas para minha nova bicicleta de contra-relógio, leituras para o próximo ano ou outros pequenos preparativos para a próxima temporada. Claro, aproveito a divisão do calendário para encerrar algumas atividades e começar outras, mas o ciclo já está aí. Ora pois: com todas as diferentes interpretações que valem para os diferentes vocês que estão à ler:
That we may meet again on the other side!

28.12.07

The meaning of life

Passei a última semana inteira brigando para gerar uma única equação no Maple, a solução exata para o atraso de uma onda. Deveria ser bastante direto, dado que estamos utilizando como modelo de testes um grafo unidimensional relativamente simples. As dificuldades dos últimos dias, porém, já indicavam que provavelmente não seria tão fácil. Pois bem, a resposta analítica que acaba de ser calculada tem nada menos que 16 mil linhas - uma enorme expressão com milhares de senos e coscenos nas mais diferentes combinações e potências. Duas tentativas de simplificá-la resultaram no estouro da memória do meu computador, com o Maple sendo morto pelos mecanismos de auto-defesa do kernel. Enviei o resultado para a Sandra e, na falta de outro caminho, irei implementar esta resposta num programa para gerar pontos e compará-los com a aproximação do atraso feita através das órbitas periódicas, como eu já fiz para a condutância.

Mas não escrevo para me lamuriar dos problemas técnicos do meu trabalho. Muito mais o faço pela sensação de absoluta desconexão da realidade que se abate quando vejo aquela sequência impenetrável que parece não trazer nenhuma informação nova... e pela forma com que isto se conecta com os últimos dias.

Minha rotina tem girado em torno de trabalhar no Maple e, enquanto este realiza algum cálculo, sentar na sala para tomar chimarrão e ler, primeiro o "Cem dias.." do Amyr Klink, agora "As Pequenas Memórias", do Saramago. Noto principalmente a ausência da estrutura de treinos e a influência que isto tem no desenrolar do dia, mas também sinto falta de alguns compromissos fixos, como as aulas de francês e alemão ou os colóquios e seminários do Instituto. Ainda assim (não parece a conexão correta, mas vá lá), estou aproveitando o período ao máximo para o que ele (ou elas, as férias) se propõe. Seja mateando tanto quanto possível com amigos no Parcão ou na Redenção - muitas vezes acompanhado de batidas na Lancheria do Parque -, saindo quase todas as noites, para uma janta com ex-colegas, um aniversário, ou encontrar com amigos n'algum bar (ultimamente, Mulligan, na Padre Chagas, ou Zelig, na Cidade Baixa), e, após estas saídas, dormindo seguidamente até o meio da manhã, me surprendendo, quase que com uma ponta de culpa, por sair da cama com o sol já tão alto. Oras, férias são para isto :-)

24.12.07

Leituras

Com ainda uma semana até o final do ano, irei aguardar mais um pouco para o post de "balanço", mas já posso divagar sobre uma contabilidade que parece estar bem encaminhada.

Terminei, no sábado, "Lauf, Jane, Lauf" ("Corra, Jane, Corra"), livro do Joy Felding que marcou minha primeira leitura em alemão. Com ele, completei 14 livros não-didáticos, se posso assim considerar aqueles que li além das diversas bibliografias das cadeiras e projetos do mestrado. Em ordem cronológica, iniciando em janeiro,
- Three Roads to Quantum Gravity, do Lee Smolin
- Transformando Suor em Ouro, Bernardinho
- Virando a Própria Mesa, Ricardo Semler
- A Jangada de Pedra, do Nobel José Saramago
- Você está Louco!, de novo do Ricardo Semler
- The Hitchhiker's Guide to the Galaxy, minha iniciação na série do Douglas Adams
- The Restaurant at the End of The Universe, Douglas Adams
- Life, the Universe and Everything, idem
- Paratii - Entre dois pólos, Amyr Klink
- Mar sem fim, idem, estes dois lidos durante a viagem pela Europa
- So long and thanks for all the fish, de volta ao Brasil e ao Douglas Adams
- Young Zaphod plays it safe, idem
- Mostly Harmless, idem
- Lauf, Jane, Lauf, Joy Felding

Estou agora nas últimas páginas de "Cem dias entre céu e mar", de volta ao Amyr Klink. É um livro bem mais curto (cerca de 150 páginas), mas terei devorado-o em três dias, contra quase dois meses para a leitura alemã (que tinha 450). Contam aí dois fatores: enquanto o livro do Amyr foi lido durante um recesso de férias, "Lauf, ..." teve de disputar atenção com o atrebulado período de final de semestre, quando foram pouquíssimas as ocasiões que pude sentar no sofá com um chimarrão, como estou a fazer agora. E, apesar de estar bem satisfeito com os progressos na leitura germânica, ainda não posso voar pelos parágrafos com a desenvoltura que faço com aqueles escritos no idioma materno, ou, em grau talvez um pouco menor, na língua de Shakespeare.

Fica a dúvida para a próxima sequência. Ainda tenho uma pilha de leituras intocadas, incluindo diversos livros que me foram presenteados na minha formatura, há quase um ano atrás. Tem alguns Tolstoys e Saramagos, biografias, fantasias, livros de filosofia e ciências, enfim, diversão garantida para, com certeza, mais um ano inteiro.

23.12.07

Acabou. E mal começou.

Nos últimos dias, briguei muito com o Maple, programa que utilizo para resolver equações algébricas, mas não consegui chegar numa solução consistente para o problema do atraso de uma onda no grafo que estou estudando. Tenho um problema mais ou menos ao contrário: já encontrei um método aproximativo bastante rápido de ser implementado, porém para comprovar a eficiência deste, preciso compará-lo com a solução exata, que está se mostrando bastante complicada de obter, mesmo com todos os auxílios computacionais disponíveis. Fui para a última reunião com a Sandra de mãos abanando, e lá descrevi o que fiz até agora, as dificuldades que estou encontrando, e as alternativas que tenho para tentar contorná-las. Óbviamente (*) queria muito já ter obtido uma resposta e validado minha hipótese, mas estou encarando todo este trabalho como uma ótima ferramenta para "vender meu peixe": se a solução exata fosse fácil de ser obtida, o método aproximado não teria tanta valia.
(*) Grafia padrão Whiskas com acento no "o", contrariando, de propósito, a gramática tradicional.

Ainda na sexta à tarde, fizemos uma pequena festa de fim de ano na nossa sala. Levei um moscatel e brindamos ao fim do ano, à entrega da dissertação da Ana, às cadeiras aprovadas e projetos finalizados e tudo mais que deu certo nestes dois semestres. Claro que, sendo a última sexta-feira produtiva do ano, os laboratórios já estavam praticamente desertos, mas já faltaram taças... *Tim-tim!*

À noite, fui à janta de premiação da Federação Gaúcha de Ciclismo, num clube em Campo Bom. Tinha algumas fotos encomendadas para entregar, e esperava fazer uma cobertura da premiação para o ÁguasdoSul. Estava marcado para 20h, mas com algumas horas de atraso (eram 22h e não haviam entregue nenhum troféu) eu abortei a indiada e voltei para casa. Ainda tomei uma champagne com meu pai e minha irmã antes de capotar.

Sábado consistiu de acordar tarde, ler um pouco, almoçar um sushi com a Marilia antes dela entrar no trabalho, chimarrão com o Rocca no Parcão, mais leituras, e uma saída tardia para encontrar o Julio, vindo da California para passar as festas de fim de ano aqui em Porto Alegre. Nos encontramos na casa do John e da Joana, onde regamos a conversa com Patricias, Coca-Colas e algumas ameixas...

21.12.07

Deja Vi.

Não, não é deja vu. É como está lá mesmo. Uma estranha sensação de já ter vivido a mesma situação há quase 6 anos atrás. Naquela época, foi um dos principais responsáveis por eu começar a pedalar competitivamente. Vamos ver que frutos isto terá agora.

Aliás, não vejo a hora de voltar a treinar. Três semanas sem essa válvula de escape e eu me preocupo com a minha sanidade.

I believe in travellin' light. I really must.

19.12.07

Acabou, parte 2

Quase uma semana sem postar, e já mais uma coleção de eventos para a série do "acabou". Na sexta última, o Pedro embarcou para sua mochilada pela Europa; fui com o Rocca tomar um café no aeroporto para me despedir. Espero encontrá-lo em algum lugar da Alemanha em fevereiro, pendente ainda eu comprar minha passagem. Ainda na sexta, tivemos o almoço de confraternização de fim-de-ano da Física, feito pelos funcionários nas próprias dependências do Instituto. Naturalmente a tarde foi pouco produtiva...

Domingo, fui com o Vitório fotografar a última corrida do ano, etapa do campeonato de Meio-Fundo em Nova Hartz. Como nos últimos anos, a última prova antes do Natal caracterizou-se por vários pedidos de fotos; valeu a viagem, apesar da chuva.

Ontem, terça-feira, entreguei a lista de nanofotônica, após extensas discussões sobre alguns conceitos que ainda permanecem bastante indefinidos para um não-experimental. Francamente, esperava uma abordagem mais "mão na massa" de uma cadeira experimental. Mas, está entregue, mais uma para riscar da lista. Fiz também a prova do curso de francês, terminando este bloco do Basique Regulier. Balanço? Para quem está começando, é infinitamente mais fácil de desenvolver um ritmo que no alemão, mas eu ainda não me animei a ler a Velo ou l'Equipe nos seus originais. Na saída da prova, finalmente juntamos a turma para ir conversar num bar. Acabamos no Mulligan, cujo interior ficou bem cheio depois que a chuva obrigou todo mundo que estava sentado nas mesas do lado fora a se proteger. Divertida oportunidade para conhecer melhor os colegas e comer umas batatas-fritas com cheddar.

Pela frente ainda, só mais uma reunião com a Sandra para apresentar o andamento dos últimos cálculos, e daí um pseudo-recesso para o feriadão de Natal. Quase lá!

14.12.07

Facts

O Rocca tem uma lista semelhante no seu perfil do orkut , que me motivou a enumerar alguns fatos completamente aleatórios, seguindo a mesma idéia. Ideais para conversas de mesa de bar

Whiskas (ou Ricardo Wickert, como consta nos meus documentos)
... faz mestrado em física teórica
... é ciclista e atual campeão da Copa União de Ciclismo
... adora fotografia
... já pulou de um carro em movimento
... faz panquecas para o café da manhã (virando-as com a frigideira!)
... prefere vinhos Cabernet Sauvignon e Carmenére
... abriu uma empresa quando tinha 16 anos
... participou de organizações de extrema esquerda
... é ateu
... organizou e executou a limpeza de um viaduto na BR-116
... adora Beethoven, Pink Floyd e Belle & Sebastian
... morou um ano na Europa e um mês nos Estados Unidos
... é habilitado para dirigir carros e pilotar aviões
... participa de ONGs e luta pelos direitos de ciclistas no trânsito
... já passou o verão trabalhando em um projeto de robótica
... ganhou e perdeu dinheiro jogando pôquer
... não assiste novelas (nem qualquer outra coisa na televisão)
... foi segundo colocado na Olimpíada Brasileira de Física
... é viciado em café espresso
... já pedalou na Alemanha, Itália, Uruguai, França e Áustria
... é vegetariano
... já plantou árvores e escreveu poemas (mas não tem filhos)
... nasceu numa terça-feira, às 19h28
... já foi atropelado e assaltado
... investe em ações e espera se aposentar antes dos 40 anos
... fala português, inglês, alemão e francês, já fez cursos de latim e espanhol
... adora dançar (o que não implica saber fazê-lo)

Esqueci alguma coisa muito óbvia?

Modéstia

Fiquei com 8.98 na terceira prova de Teoria Eletromagnética, o que me deixou com média 8.3. Fui fazer a prova de recuperação ontem para tentar um A, mas estudei muito pouco. Passei duas horas olhando para prova, mas não tive uma luz para resolver a primeira questão, que era, aliás, igual à uma que já havia sido cobrada na primeira prova. Anulei a tentativa, e inaugurei o primeiro B no meu currículo.

Esperava ficar mais abalado com isso, mas acho que lidei bem com o "desastre". Não é um B no currículo que me impedirá de entrar neste ou naquele lugar. Não quer dizer que eu sou tão menos incapaz que o outro colega que ficou com A. E, francamente, dado o número de outras atividades com as quais estive envolvido este semestre, e até o meu afinco no estudo dessa disciplina, um B é um belo resultado. Uma nova sequência de A's era um objetivo para este semestre, mas graças à minha grande modéstia, também isto foi encarado de forma positiva: "até quando eu fracasso, ainda consigo um bom resultado".

(Aguardo inevitáveis comentários mandando eu ir pastar...)

10.12.07

Acabou, parte 1

Completei ontem a Volta das Hortências, 130km largando de Igrejinha, subindo a serra de Taquara até S.Francisco de Paula, de lá para Canela, Gramado, descendo por Três Coroas e chegada em Igrejinha. Bem apropriado para última prova do ano - duríssima, muito quente, bastante vento contra. Graças à queda da minha corrente num momento decisivo, perdi a fuga que acabou definindo a prova, ficando com mais dois atletas (Jair Farias, Acivas/Beto's Bike, e Everson Camilo, Vacaria) na "terra de ninguém" entre os líderes (1m30 à nossa frente) e o pelotão (quase 5 minutos atrás). Entre 3, cooperamos bem durante a maior parte do trajeto, mas quando passamos a marca indicando os 5 últimos kilômetros, o Jair insistiu em ficar na minha roda e passou a não revezar mais. Alternei zigue-zagues e inclusive uma parada completa da bicicleta, mas o Jairzinho insistia em ficar de roda. No último kilômetro, o Everson aproveitou a situação de gato-e-rato e atacou forte, e eu optei por não ir atrás dele (que significaria levar o Jairzinho, de graça, no meu vácuo). Esperei os ultimos 300m, e ataquei forte para levar o 6o lugar, mas fora do pódium.

Quando um dirigente da Acivas/Beto's Bike veio me cumprimentar após a chegada, eu desabafei - reclamei da política anti-esportiva que é frequentemente adotada por atletas daquela equipe, e ironicamente comemorei o fato de, apesar do anti-jogo, eles terem ficado ainda atrás de mim, e fora do pódium. Óbviamente estava de cabeça quente, então fui um tanto forte nas colocações, mas concordo com cada palavra que disse - apenas acho que não utilizei-me da melhor forma, tampouco era aquele o melhor momento. De mais a mais, a marcação desta forma está prevista no regulamento, ainda que, na minha opinião, esta atitude prejudique o espetáculo como um todo.

Bueno, e o que falar das outras atitudes, bem menos esportivas, que são tomadas por tantos, inclusive aqui, no nosso certame regional? Óbviamente elas colaboram para que eu tenha esta posição de quase inimizade para com os atletas que são partidários destas escolas de pensamento - especificamente, "a vitória a qualquer custo, e de preferência, pagando barato". Contradição? Por um lado, estão dispostos a tomarem substâncias ilícitas, prejudicando a própria saúde. Por outro, andam rebocados pelos carros de apoio, quando nenhum membro da organização da prova está por perto. E ainda assim, recusam-se a seguir um plano de treinamento consistente, não se alimentam direito, ou não cuidam direito de seu equipamento. Adianta, então? They're all hypocrites, so fuck'em too.

Pois: foi a última corrida da temporada. À noite tivemos a despedida do Pedro no Mulligan, algumas cervejas e batatas-fritas (afinal, inicio oficialmente o período de "férias" dos treinos). Acordei hoje com as pernas ainda doloridas da corrida e uma razoável canseira por todo corpo, mas ainda com a sensação de bem-estar - vivam as endorfinas! Com o Campus do Vale novamente fora do ar, devido, outra vez, ao rompimento (ou roubo) da fibra óptica que liga a Agronomia ao restante da civilização, acabei ficando por casa, para resolver alguns assuntos para os quais precisava da rede. Só falta uma lista de exercícios e um relatório de um projeto (e talvez a recuperação de TEM, nota sai amanhã...). Bom início de semana...

5.12.07

The light at the end of the tunnel...

... might be just a freight train coming your way.

Ou não. De fato, o fim do túnel está próximo, só mais dez dias de aulas e adeus cadeiras. Por outro lado, parece que tudo deixa para acontecer nestes últimos dias - o que me dá uma razão para ficar feliz por, mesmo com todo este rush, não ter aberto mão de nenhuma atividade - seja numa escala macroscópica (continuei competindo, mantive as aulas de francês e alemão, saídas com amigos, etc), como numa escala menor (por exemplo, nesta segunda-feira ainda tirei alguns minutos para tomar uma vitamina na Lancheria do Parque, e ontem à noite comi uma pizza (e tomei alguuumas Heinecken's) com a minha madrinha, que viaja para a Austrália na semana que vem). Tem sido um objetivo manter um nível de stress sempre bem gerenciavel, conciliando a minha pesquisa e as listas de exercícios com outras atividades mais saudáveis...

Ainda sem a prova de nanofotônica, mas os comentários com o professor na aula me dizem que, enquanto não devo ter feito tudo completamente errado, pelo menos uma questão eu errei na forma de atacar o problema. Resta esperar o quanto de crédito parcial se ganha por uma tentativa que não deu certo. O professor prometeu para amanhã, juntamente com a lista de exercícios que servirá como avaliação para a segunda área, a ser entregue até o final da semana que vem. Fomos também cobrados pelos projetos de laboratório, que à exceção de um colega, ninguém ainda começou. Devo fazer uma experiência envolvendo diferentes tipos de ponteiras para detectar campos evanescentes, utilizando-me para isto de <ironia> toda minha ampla habilidade em projetos experimentais </ironia>.

Hoje, depois de fugir do campus do Vale (onde minha sala encontra-se num completo estado de sítio por causa da reforma dos pisos) e de casa (por causa da reforma das pastilhas do prédio, que produzia um barulho infernal na parede ao lado do meu quarto), busquei refúgio junto na minha mãe, onde consegui completar 7 dos 12 exercícios da lista de Teoria Eletromagnética, cuja terceira prova acontece na sexta-feira. Com uma nota boa - qualquer 8.5 para cima - tenho a opção de refazer a prova da primeira área (na qual tirei um parco 6.9) e tentar manter a carreira de A's no currículo. De qualquer forma, já em pleno ritmo da campanha "Vai-te embora, 2007/2!".

Por fim, nos outros assuntos: visitei o Ricardo Machado na sua loja hoje pela manhã e tratamos de uma possivel parceria para nossas equipes para a temporada de 2008. Perspectivas interessantes neste lado, mas ainda falta uma reunião com os dirigentes dos dois lados para batermos o martelo. E falando em bater o martelo, a bolsa fechou em alta pela 7a vez consecutiva, com os papéis da Petrobrás valorizados hoje em +5.3%. Com os lucros acumulados da semana, tenho aí mais um pequeno motivo para comemorar...

2.12.07

You live race, you learn

A prova de nanofotônica, tal como a lista de exercícios, foi estranha. Quando entreguei-a, podia jurar que todas as questões eram bastante simples, bastando algumas substituições em algumas integrais para chegar nas expressões solicitadas. Mas, três horas mais tarde, passei em frente à sala e encontrei meus colegas ainda lá dentro, com tábuas de integrais e folhas e folhas de cálculos, confesso que fiquei com um certo medo de ter perdido algum ponto fundamental. Resultados nesta terça, só resta aguardar.

Depois da prova, apresentação do meu seminário de metodologia de pesquisa, que serviu para me mostrar quão difícil pode ser expor um tema especializado à um público que não entende nada da área. Mal comecei a apresentação, me enrolei ao tentar ligar as diversas áreas que compõe o trabalho, e ainda fui criticado pelo professor que não gostou nada do meu slide de "sumário da apresentação". Mas acho que consegui salvar de um desastre conforme fui chegando nos resultados, e mostrando que meu trabalho pode ter alguma aplicação prática. Noves fora, não foi ruim. Por fim, às 18h30, praticamente como recompensa por ter ficado até mais tarde no campus, recebi de volta minha prova de Teoria Eletromagnética. Com um 8.96, não posso me queixar - mantenho-me no páreo para ainda tentar um A.

À noite, aniversário da minha irmã, ao qual fui na companhia do Pedro e do Franco. Dada a corrida no dia seguinte, fui embora cedo - não que eu precise de muitos motivos para ir embora cedo, mas não quero devanear agora sobre o desperdício que a juventude atual faz com a sua vida.

Então, sábado, 3o lugar nos JIRGS, prova de 60km disputada na Av. Beira Rio, aqui em Porto Alegre. Não ganhei por um ponto, e perdi o 2o lugar no critério de desempate, mesmo assim, foi um bom resultado, uma bela corrida. Hoje, 120km da Volta de Sapiranga, que pode ser resumida como "o dobro de ontem": dobro da distância, dobro de atletas.. e minha colocação "dobrou" do 3o para o 6o lugar. Senti a falta dos guris andando comigo; lutar sozinho foi complicado. Ainda assim, mesmo com o cansaço da temporada inteira se acumulando, estes bons desempenhos renovam a motivação para a preparação do ano que vem. Por fim, uma nota de agradecimento ao Rocca, que topou a indiada de sair antes do sol raiar para dirigir o carro de apoio. Te devo uma Pale Ale!

28.11.07

Ainda bem que existe Beethoven

Freude, schöner Götterfunken, Tochter aus Elysium,
Wir betreten feuertrunken, himmlische deinen Heiligtum;
Deine Zauber binden wieder, was die Mode streng geteilt;
Alle Menschen werden Brüder, wo dein sanfter Flügel weilt.

Mais duas semanas e o semestre se foi, por bem ou por mal. Prova de Nanofotônica na sexta, junto com meu seminário para a cadeira de Metodologia de Pesquisa, e na outra semana, lista e prova de Teoria Eletromagnética, da qual ainda não recebemos de volta a segunda prova. E então, adeus às cadeiras, poderei me concentrar inteiramente à pesquisa e à escrita da dissertação. E aos planos da minha nova bicicleta de contra-relógio :-) (Referência mandatória à "the difference between man and boys is the price of their toys" ...)

26.11.07

Semanas

Não tomei tempo para divagar nesta última semana, então segue aqui uma pequena atualização do que se passou. Primeiramente, fiquei muito contente com as diversas parabenizações pela conquista da Copa União. Traz uma grande satisfação poder compartilhar um pouco desta alegria com todo mundo, mesmo que seja apenas através de uma foto ou uma notícia (aliás: aqui está o release da equipe).

Academicamente... estou desconfiado que o "mal" ajuste das amplitudes nas minhas órbitas não é de fato tão ruim assim, e decorre tão-somente da convergência lenta da fórmula do traço. A Sandra propôs então testar outras medidass além da condutância para ver se observamos desencontros da mesma ordem de grandeza. Assim, estou elaborando uma formulação matricial de outra propriedade de transporte (o time delay, ou o atraso na fase de uma onda), que já foi bastante estudado em mapas e hamiltonianos, e possibilitaria termos um parâmetro de medida para compararmos. Esperava já ter um plot preliminar, mas apesar de ter passado a tarde de hoje brigando contra o Maple, não obtive muito sucesso. Paciência... No meio tempo, enquanto a reforma da nossa sala não saiu do chão (literalmente, pois ainda estamos sem piso), comemoramos o aumento anunciado de 20% nas bolsas de mestrado e doutorado, a valer a partir de março...

Treinei pouco nestes últimos dias. Como havia mencionado, vou diminuir gradualmente a duração e intensidade das sessões de treino até uma parada completa pela metade de dezembro, para só então me preocupar com a base da temporada do ano que vem Enquanto isso, estou me divertindo configurando uma bicicleta de contra-relógio, arma para disputar o Campeonato Brasileiro de 2008.

Já esta semana que se inicia tem "Nanofotônica" escrito por todos os lados: lista de exercícios, prévia do projeto de laboratório, e a prova, que pendente negociações com o professor, deverá ser na sexta-feira. O final de semana também promete, com os Jogos Intermunicipais no sábado, aqui em Porto Alegre, e a Volta de Sapiranga no domingo. (E por hoje é só...)

19.11.07

Divagações da vitória

Não sei nem bem por onde começar. Não acho que tenha "caído a ficha" ainda completamente.

Trabalhei um monte por isso, foi crescendo como um objetivo ao longo da temporada; conforme vinham os bons resultados, vinha junto uma motivação por mais empenho e dedicação, seja nos treinos, seja nos pequenos detalhes da preparação antes da prova. Mas notei hoje - e achei curioso - que todos estes pequenos sacrifícios não passaram pela minha cabeça quando eu estava lá correndo. Talvez isto esteja entre o que mais gosto no ciclismo - atingir este estado quase zen, seja num treino ou em uma corrida. Claro, o histórico de tudo que se passou ao longo desta temporada estava de alguma forma lá, comigo - mas sem um drama de rever, antes do ataque final, cada uma das coisas que abri mão para estar lá.

Muitas vezes fico pensando sobre a recompensa destas coisas que abro mão. Não há glória nenhuma em deixar de ir à uma festa para treinar no dia seguinte, e se os resultados não vem, ficamos às vezes tentados a achar que foi tudo em vão, que não valeu a pena - tremendo engano, terrível culpa dos padrões de recompensa que nos são ensinados. E se o Ricardinho tivesse me alcançado, e com isso eu não conquistasse o campeonato? Óbviamente, tudo teria a mesma validade, a mesma importância. Teria, mesmo assim, valido a pena. O resultado é só um doce estímulo a mais.

A temporada vai se encerrando da melhor maneira possível. Tenho somente mais três corridas - os jogos intermunicipais, o Giro das Hortências e a Volta de Sapiranga, e então minhas já bem aguardadas férias. Uma breve pausa nos treinos, que servirá tanto para descansar as pernas antes da próxima temporada, como para permitir dedicar-me mais intensamente ao mestrado neste final de semestre. Falando no qual, devo pensar em algumas listas de exercícios, um projeto de uma cadeira e um seminário para outra. Uma analogia entre as metáforas do ciclismo e da vida na pós claramente não é muito dificil de ser estabelecida... :-)

18.11.07

News flash

Ganhei. Não só a etapa, mas o campeonato - graças ao fantástico trabalho de equipe junto com o Gean. Abaixo a sequência da chegada. Um relato completo segue quando eu me recuperar por inteiro.

In the mean time...

Subi à Linha Brasil no feriado de quinta-feira, como último treino forte antes da final da Copa União/Gatorade que acontece neste domingo. Ventava muito, e o termômetro no Laçador registrava parcos 13 graus quando passei por lá, em torno das 8h da manhã. Para o meio de novembro, isso é deveras frio. Ao longo da subida, esquentou um pouco, tornando o dia, apesar do vento, bastante agradável para se pedalar.

Encontrei meu pai lá em cima, almoçamos, ciesta, colhi algumas laranjas em volta da casa, uma parada na Padaria Petrópolis para um café e doces - um dia pleno na vida de um ciclista, poderia-se dizer. De volta em Porto Alegre, ainda fui tomar um chimarrão com o Pedro e Kàzic na orla do gazômetro - fizemos algumas fotos e assistimos um lindo pôr-do-sol enquanto mateávamos.

Ontem foi um dia para colocar as pernas pro ar, organizar um pouco o quarto, fazer outras errandas. Encontrei toda a turma num bar uruguaio na Cidade Baixa; tomei um café junto com uma torta de alfajor. Ninguém quis sair para dançar depois, logo a noite não se encerrou muito tarde.

Hoje, por fim, um roteiro ideal de sábado: um típico treino pré-prova pela manhã, almoço com a vó, ciesta, chimarrão no Parcão com Pedro, Rocca e Vitório.. e, para terminar em grande estilo: lembram-se daquela massa que eu ofereci pela minha conclusão do curso no ano passado? Posso dizer orgulhoso: a massa ao molho gorgonzola que fiz hoje à noite ficou muito melhor.

14.11.07

Dilemas

Eu penso um monte, mas, naturalmente, nem todos os assuntos são apropriados à divulgação aos quatro ventos. Muitos destes são discutidos com amigos do círculo mais íntimo em conversas particulares, ou, na impossibilidade destas, em alguns e-mails (que já renderam threads bem interessantes).

Mas nem todo assunto é digno de um e-mail só para dizer "vejam, este é o atual estado do mundo, e tenho pensando nisto", e era pensando nestes casos que achei que um blog seria uma boa saída. Mesmo assim, não sei se estou à vontade para compartilhar todas estas opiniões...

Em tempo: Mais vida real e menos vidas virtuais. Real life FTW!

12.11.07

You don't have to dream to get there...

...but it's harder than it seems, to get there.
[Jesus Jones, "To Get There", música-tema da cobertura do Tour de France na ESPN]

Fui sábado para Teutônia para correr a 1a etapa da Volta Ciclística daquela cidade, uma prova de escalada na pequena localidade de Linha Harmonia. Lindo vilarejo rodeado por morros igualmente bonitos - e altos. Pouco antes da largada, o mundo veio abaixo, o que eu considerei inicialmente positivo: prefiro a refrescância da chuva ao mormaço, especialmente em uma subida com o sol no lombo.

Bom, escaladas não são meu forte, mas me defendi como pude para chegar em 8o lugar, ainda mantendo contato visual com o grupo que levou as primeiras colocações. Rafael Gehardt (Avaí/Florianópolis) levou a primeira colocação, com o atual campeão gaúcho, Cleiton Fadanelli (ACACI/Caxias), em segundo. Fiquei satisfeito quando vi alguns nomes que chegaram atrás de mim, como Jefferson Molter (APEG) ou Jair Farias (Acivas/Beto's Bike), e mesmo o Ricardinho Machado (Adventure Bike Shop), que lidera a Copa União. Ainda assim, como a classificação se dava por pontos, isto significaria que teria de recuperar o prejuízo no domingo se quisesse ter alguma chance de um lugar no pódium.

As alternativas de hospedagem em Teutônia deixaram a desejar. O hotel da cidade já estava lotado (além da prova de ciclismo, havia uma competição de Mountain Bike e um encontro de corais tomando conta de todas as hospedarias da região), e o alojamento reservado pela Federação, consistindo de uma escola com duas salas de aula, já não tinha mais colchonetes. Logo, entre dirigir até Lajeado e pagara 30 ou 40 reais, preferi optar por investir a mesma quantia na gasolina e voltar para dormir em casa - aproveitando, além do meu colchão, a possibilidade de limpar a bicicleta, trocar todas as roupas por mudas secas, e preparar um novo prato de massa para levar no dia seguinte.

No domingo, voltei à Teutônia em companhia do meu amigo Mauricio Fleck (ex-ciclista e hoje fotógrafo do ÁguasdoSul). A chuva do dia anterior tinha dado lugar à um lindo dia de céu azul, porém tendo o forte vento como preço por esta mudança. A prova realizaria-se em um circuito de 2km, que pode ser resumido como sendo composto de 1km lomba acima, contra o vento e 1km lomba abaixo, à 50 km/h ou mais; duas curvas de 180 graus em cada ponta; a Elite percorreria 30 voltas.

O foguetório não tardou por começar, com os atletas de Caxias tentando sempre colocar o líder em posição de dificuldade; este, por sua vez, recrutou alguns amigos no pelotão para lançar contra-ataques. Atuando como "freelancer", lancei alguns ataques, mas as composições das fugas sempre foram desfavoráveis, e com tal poder de fogo nos perseguindo, os esforços acabaram sendo em vão. Nas últimas dez voltas, os dois líderes racharam o que restava do pelotão e eu não consegui me juntar à eles, fiquei novamente em um grupo que disputaria a 6a colocação. Me posicionei como pude e tentei economizar energias para o sprint final, mas fui superado - por menos de uma roda - por Daniel Salazar na chegada. Um novo sétimo lugar não foi suficiente para pegar um lugar no pódium, mas mesmo assim foi um bom resultado.

O Fleck dirigiu de volta, eu praticamente apaguei, e só cheguei em casa depois graças ao "piloto automático" que já sabia o caminho dos últimos quilômetros. Banho, janta e cama, a tradicional celebração dos resultados no Mulligans teve de ser adiada por absoluta falta de condição do proponente...

10.11.07

Life after TEM

Depois de mais de duas horas na sala de aula resolvendo os problemas aplicados, eu ainda estava tremendo (julgo que era efeito da prova e da cafeína) quando me encontrei com o Vitório e Kàzic para o almoço; e ali discorri sobre a validade do desespero pré-prova. No final, a prova consistiu de questões que eu já havia estudado e conhecia bem a técnica de resolução, o que, na prática, significou que muito do meu estudo nem sequer foi exigido.

Depois parar de tremer, com meia garrafa de vinho diluída no sangue, conclui que, de certa forma, o ciclo é necessário, mesmo que nem sempre plenamente justificado. Quem poderia dizer que, se eu não tivesse investido várias horas na resolução dos exercícios das listas, eu não teria talvez perdido algum aspecto importante na resolução dos exercícios (mesmo os considerados 'fáceis') na prova?

A tarde inteira foi tomada pela resolução da questão discursiva da prova: "prepare uma aula englobando todo o ferramental necessário para estabelecer a formulação covariante das equações de Maxwell na relatividade restrita". Simples assim. No Jackson, livro-texto já famoso por ser extremamente conciso, isto é assunto para várias (e longas) seções. Resumir tudo isso para caber numa aula (a ser ministrada para alunos de final de graduação, conforme a especificação do problema) foi uma tarefa extremamente... calistênica. Entreguei mais de 15 páginas com meu roteiro de aula, e ainda fiquei com impressão que não falei sobre tudo que poderia/deveria. Ainda bem que o prazo acabou e eu entreguei, ou isto poderia facilmente consumir um final de semana inteiro.

Em casa, banho, pernas pro alto, depois saí para comer um sushi com minha irmã, e agora, de volta, uma long neck pra colocar o resto da vida em dia - inclusive este post que finda por aqui.

7.11.07

S.N.A.F.U.

Situation Normal: All Fucked Up, era um acrônimo utilizado por técnicos em comunicação do exército aliado para reportar a condição das instalações aos seus QGs.

Recém atingi a metade da lista de exercícios; professor da outra cadeira cobrando "pra ontem" o projeto de laboratório que nem bem definimos qual será; corrida no fim-de-semana novamente sem o Gean para apoiar, pedreira na certa - ou seja, all f*cked up, mas nada além da situação normal de sempre :-)

De terça-feira

Na segunda pela manhã, cheguei à minha sala para descobrir que haviam roubado quase 200m da fibra óptica que conecta o campus do Vale ao resto da civilização; uma circular interna estimava para o fim do dia a reparação. Assisti à aula de teoria eletromagnética - formulação Lagrangiana dos campos relativísticos, finalmente alguma coisa diferente e um pouco mais interessante, e, precisando da rede para fazer qualquer coisa útil, fui visitar minha mãe para a) filar o almoço e b) filar um ponto de rede. No final, só consegui botar em ordem a lista de exercícios, e copiar algumas músicas da minha irmã...

Hoje, terça feira, treino de 50km pela manhã, nada muito forte pois as pernas ainda sentiam a serra de domingo. Almocei uma massa al pesto que ficou só marginalmente boa, e pro campus, para descobrir que a rede ainda estava fora do ar. Seminário das 14h cancelado pois a Sandra, minha orientadora, foi mais uma das vítimas da clonagem de cartões do BB. Banco, aliás, para onde fui habilitar uma senha e depositar um cheque. Depois de quase vinte minutos de espera na fila, escrevi uma carta indignada ao gerente da agência reclamando da lentidão e da recente redução no horário de atendimento ao público. A carta deve ter ido direto pro lixo, mas me senti bem por escrevê-la. Após, aula de nanofotônica com uma mijada generalizada à todos alunos que não aproveitaram as duas semanas de ausência do professor para realizarem progressos na lista (oopss :-) )... E tudo isso embalado por uma estranha onda de euforia - onde quer que eu fosse, estava lá pulando ao som de alguma música de Belle & Sebastian, muito divertido - que se extendeu até a aula de francês, no final da tarde.

Em casa, finalmente ataquei de forma apropriada o início da lista de teoria eletromagnética. Observei, ao longo da noite, a oscilação típica causada pela combinação (cafeína + glicose + hormônios + desespero pré-prova), que me levou, ao longo de uma senóide, desde momentos de grande alegrias até profundas consternações - nada de mais para quem supostamente está levando a vida que o título deste blog se propõe a representar.

Quase 1h da manhã; tem gente que se diz satisfeito com seis horas de sono, eu realmente ainda pretendo atingir um ritmo que me permita ter oito... mas pelo visto, não antes das cadeiras acabarem.

5.11.07

Pós-finados

Estudei muito pouco neste feriado, mal li os dois capítulos de eletrodinâmica para a prova de sexta-feira. Terei bastante a correr atrás nesta semana se quiser chegar no teste com alguma chance de um resultado bom.

Já em termos ciclísticos, devo ter somado mais de 250km de treinos. Já fiz mais em outras ocasiões, mas foram todos pedaladas muito boas, renderam bastante. Em especial, o treino deste domingo, um bate-e-volta à Nova Petrópolis, com direito à muita chuva e vento, que se transformaram no caminho de volta em um lindo dia de sol (mas ainda com muito vento). "Capitão Nascimento olhou o roteiro do treino e pediu pra sair"... ou, como disse o kàzic: 'o dia que fizerem um filme sobre a equipe, vão dizer "nem o BOPE treina os soldados como a gente treina nossos atletas" '.

De volta em casa, depois de três pratos de massa, uma proverbial ciesta, um prato de mingau, e fui pro parcão com Pedro e Rocca para ver o movimento e tomar chimarrão. Encerramos na Lancheria do Parque com sanduíches regados à batidas de banana, mamão, cenoura, laranja e abacaxi. Not bad at all.

Não fui ao cemitério, claro. Isso é programa que se faça num feriado? :-)

Que venha a semana!

4.11.07

Namorar está f*da, então vamos pedalar...

O lema deste feriadão. Na sexta à tarde, fui para Lomba Grande com o Gean e Gilnei; hoje (sábado) treinei com o Gean pela manhã, almoço, ciesta, e saí para rodar novamente, desta vez com o Gilnei. Um lindo dia, valeu cada quilômetro rodado.

Amanhã, Nova Petrópolis, bate-e-volta, já que estou sem carro de apoio...

2.11.07

E mudou!

Novo template velho! Acho que as cores estão mais próximas do que eu esperava, imagens redimensionadas, etc. Na falta de outro bloco de inspiração, deve ficar por aí mesmo. Agradecimentos especiais ao Pedro pelo duh na hora de editar o css.

O "Como você chegou aqui, aliás?", torna-se obsoleto uma vez que divulgo o endereço mais abertamente a partir de agora.

1.11.07

Após o seminário

Dediquei a manhã à uma última revisão da apresentação e da elaboração de um resumo em LaTeX dos principais resultados. Almocei com o Vitório e Kàzic em um RU Wine Friday adiantado para quinta-feira devido ao feriado de Finados - onde tomamos um Moscato junto com a combinação explosiva de arroz-feijão-batata-com-couve. Café do Mercado acompanhado de chocolate meio-amargo, e já era hora de retirar a chave do anfiteatro para conectar o note e iniciar a apresentação.

Para minha surpresa, a Sandra, minha orientadora, chegou uns dez minutos atrasada com uma torta de chocolate e uma Coca-Cola 2L, e anunciou estar nosso grupo em festa: pela minha recente vitória na Copa União, pelo prêmio Destaque no Salão de Iniciação Científica do Marco, nosso IC, e pela meia-maratona que foi corrida pela Sandra e pelo Alexandre, professor da Matemática que colabora conosco. Meus convidados devem ter se deliciado com a boca-livre...

O seminário em si transcorreu de forma tranquila; resolvi retirar os slides mais polêmicos com a minha interpretação do mecanismo de emergência do padrão caótico, e foquei tão-somente nos resultados. Minhas fórmulas do traço ainda não encaixam as amplitudes perfeitamente, mas a localização dos picos está "na mosca. Falta pouco...

Acho que de forma geral a apresentação foi bem recebida; com sorte e um pouco de dedicação à combinatória que dá origem às amplitudes, posso concluir esta parte ainda bem antes do final do ano...